"É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática."

sexta-feira, 12 de março de 2010

QUAL A DIFERENÇA ENTRE A MULHER E A CERVEJA?


Fiquei a noite de domingo (07/03) tentando escrever algo sobre o dia intenacional da mulher motivado em especial por dois acontecimentos: o primeiro foi a indignante propaganda da marca de cerveja DEVASSA. Há muito a representação da mulher em comerciais de cerveja tem sido algo pra lá de pejorativo e depreciativo mas julguei que dessa vez eles foram longe demais. Se a insinuação da mulher-objeto na publicidade brasileira em geral já causava repulsa para as mulheres e homens com dicernimento da coerção de gênero, esse novo rótulo de cerveja não insinua, ele afirma a devassidão feminina, dizendo que a mulher, assim como a cerveja, está sempre pronta para ser "saboreada". Uma ação fez com que a campanha original fosse retirada do ar o que não alivia muito a situação. O nome da cerveja é o mesmo e a correspondencia sugerida permanece. No comercial diz que a campanha original pode ser vista no site da cervejaria o que aguça a curiosidade de quem não viu. A marca de cerveja Antártica já a algum tempo vem trabalhando com a vulgarização da mulher para divulgar a "boa", que nesse caso faz questão de não distinguir o objeto (cerveja) da mulher (Juliana Paes, que tem sido a principal garota propaganda da marca). Na propaganda de carnaval a situação é a seguinte: um rapaz aparce no meio da folia para o ator Sérgio Loroza dizendo que falta instrumentos para o bloco. O ator pega uma latinha de Antártica e uma vareta dizendo que aquilo poderia ser um tamborim. outro aparece com a mesma queixa e o ator prontamente responde colocando amendoins numa latinha de cerveja transformando-o num chocalho. Uma moça branca de shortinho e corpo escultural aparece dizendo faltar a fantasia para o desfile. Sergio Loroza arranca a lacre da latinha e diz: "Toma, mas vê se não vai ficar muito grande!". O segundo acontecimento foi o barraco armado pela (ex?) noiva do pouco perspicaz jogador do flamengo, Adriano na última sexta-feira, dia 05/03. Houve troca de tapas entre o casal e o envolvimento de outro jogadores do flamengo como o centroavante Wagner Love e o goleiro Bruno. No Sábado (06/03), Bruno, ao tentar defender o companheiro, lançou o seguinte questionamento aos jornalista que o entrevistavam: " quem nunca brigou ou até saiu na mão com a mulher". Agressão parece fazer parte do dia-a-dia não só do goleiro do flamengo mas de muitas famílias vide o alarmante número de violencia doméstica registrado. A tendência é que esse número seja maior pois nem todas as mulheres registram queixas das agressões que sofrem dos seus cônjuges. A questão da mulher nas sociedades patriarcais é, infelizmente, uma tradição arrigada e naturalizada pelas instituições, religiões e até pela construção social já que, segundo a crítica da autora norte americana Carole Patemam, O contrato social, Obra escrita pelo filósofo francês, Jean Jacques Rousseau, cuja influência é fundamental na estrutura da sociedade moderna, não prevê a quetão da desigualdade de gênero, nem tampouco a questão racial, como aponta o autor Charles W. Mills, que também critica o contrato social sob essa otíca. Contratos firmados em sociedades machistas e racistas só fazem legitimar o domínio de um padrão de indivíduo sobre outros, hirearquizando-os. Tomando o casamento por exemplo este implica tácidamente a posse do homem perante a mulher, que inclusive adota o nome do marido como insignia de pernitência. O homem branco ocupa o local mais privilegiado nessa hierarquização seguido, nessa distorcida escala de cidadania, pela a mulher branca, o homem negro e a mulher negra, respectivamente. Logo, se a posição da mulher é inferiorizada a mulher negra sofre ainda mais pois recai sobre ela também a quetão do racismo. Viraram sinônimos de mão de obra, de disponibilidade sexual, devassidade, mesmo sendo estéticamente negada e considerada antítese do padrão de beleza valorizado. Cheguei a conclusão que há muito o que ser discutido sobre a situação das mulheres de uma maneira geral. Creio que conquistas existiram, porém, ainda estamos longe de uma sociedade que encontre condições ideais para que estas exerçam dignamente o seu papel de cidadãs.

Renato Adriano Rosa (escrito em 08/março de 2010)

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